Parceria entre Cagece e Uece transformam lodo em biocarvão
Do esgoto ao biocarvão: Cagece e Uece criam tecnologia que transforma resíduo em bioprodutos
A produção de biocarvão por pirólise teve pedido de patente de invenção registrada junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial
Do processo de “cozimento” de resíduos através da pirólise, a queima de matéria orgânica, são recuperados produtos de grande valor: biocarvão e bio-óleo. Esses produtos abrem portas para caminhos inovadores, pois esses bio resíduos não são apenas um subproduto, eles possuem uma série de “superpoderes” ambientais que o tornam um aliado na luta contra as mudanças climáticas, geração de energia e benefícios diversos, tais como melhoria da saúde dos solos.
A produção de bio-óleo, bio carvão e gás são exemplos de como a engenhosidade humana pode transformar o lodo em recursos valiosos.
Pensar em formas sustentáveis de tratar o esgoto é um dos objetivos comuns entre Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) através da Gerência de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.
No último mês a Cageceregistrou o pedido patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), intitulado “Sistema Reacional para a produção de Biocarvão por processo de pirólise” com propriedade Intelectual compartilhada com a Cagece. É o primeiro pedido de patente submetido ao INPI no âmbito da pirólise do lodo de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), oriundo do Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação (MAI/DAI) CNPq – Uece com a Cagece.
O lodo é um dos grandes problemas operacionais das companhias de saneamento em todo Brasil, pois, devido sua grande geração durante os processos de tratamento do efluente, resíduos gerados por pessoas e indústrias, demandam o condicionamento, transporte e disposição final apropriados. E desde 2020, Uece e Cagece desenvolvem uma cooperação técnica mútua para o aprimoramento de tecnologias de aproveitamento energético do lodo proveniente de Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs), coordenado pela professora Mona Lisa Moura e a Gerência de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, com Thiago Dantas, do Programa de Inovação em Energias Renováveis da Cagece.
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Relevância do registro de patente
“Registrar uma patente de invenção no contexto de tecnologias sustentáveis, conhecidas como patentes verdes, é extremamente importante. Essa proteção não apenas beneficia o inventor, mas também impulsiona o desenvolvimento sustentável em escala global”,explica Thiago Dantas, assistente de inovação da Cagece. Uma patente registrada confere à invenção um valor de mercado. Isso facilita a atração de investidores, a obtenção de financiamentos e a negociação de contratos de licenciamento.
“O projeto passou por vários desafios, desde à otimização do equipamento da pirólise até sua atual operação, tendo como impacto tanto os resultados da pesquisa, a patente, o conhecimento e a contribuição para a sociedade dos recursos humanos formados.” Comenta Cailiny Medeiros, Gerente da Geped.
Além disso, a patente garante ao inventor o direito exclusivo de explorar sua tecnologia por um período determinado. Essa exclusividade é um incentivo para que empresas, pesquisadores e startups invistam tempo e dinheiro em pesquisa e desenvolvimento. Ao assegurar um retorno sobre o investimento, o sistema de patentes encoraja a criação de soluções inovadoras para problemas ambientais urgentes,tais como energias alternativas e gestão de resíduos.